segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Tempo de primavera

Era moça. E seu estar no mundo não era mais do que uma soma de incompreensões. Assim como a natureza, de certa maneira, sabe da primavera: seu saber era inconsciente. Sentia ausências que doíam-lhe na alma como a fome no estômago. Mas que no fundo não passavam de estrada não percorrida e sonhos ainda por sonhar. A vida comprimia-lhe o coração como flor não desabrochada. Coração-botão fechado em defesa de si mesmo. Pedia o seu andar, a estrada. E recebia, o seu pisar assustado com pudor de toque de chão. Mas como a terra sempre atrai fruto maduro, seus pés desavergonharam-se e o caminhar fez-se em gozo. Peito aberto em flor. Gotas de orvalho-amor. Desabrochou.

Um comentário:

  1. amei o final deste escrito.
    lindos escritos.
    delicados, cuidados, sensíveis.

    obrigado pela visita ao um-sentir.

    está linkada, ok?

    ResponderExcluir