sábado, 4 de setembro de 2010

Caracol não canta

Caracol não canta
recolhe na casca
o eco do mundo
Seu lento ras
tejar
é peso antigo
pro
fundo

De sol a sol
de muro a muro
lambe enleado
refém do sentir

Pronde seguir
a casa leva
seu alento-desa
lento
peso-silêncio
que o aprisiona
em si

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Canção pra colorir...

o pé o passo
o coração que pulsa
canção que faz caminho
passo ponte passarinho
um sol um som
um ninho
todo coração
toca uma canção
pra colorir a direção
que ele seguir

passo ponte passarinho
passa o amor
fazendo os seus caminhos

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bala na boca

Balança o mar
quando o barco passa
a menina
mão no bolso
tira a bala
desembala
põe na boca
assiste a dança das ondas.
Onde o doce anda
é só silêncio
sal no rosto o vento
sopra
e o  momento
se desmancha
na boca
lá embaixo
um cão amarelo
faz sol

[ hoje de manhã, cedinho]

sábado, 14 de agosto de 2010

               
                            Para um Rayo de sol

O SOL esticou seu raio
tocou na ponta
dos meus dedos
veio me cumprimentar
trazer com ele
a lembrança
daquelas tardes
amarelas
de doces e risos
de janelas
abertas
do olhar colorido
de almas sempre
despertas
suaves tardes
de sorrisos e silêncios
partilhados.
A luz nos telhados
as pequenas (grandes)
descobertas
O delicado raro
a se fazer
sob o nada
que se fazia

Na luz que invade,
o princípio
da poesia

quarta-feira, 23 de junho de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

qualquer barulho
e a pretinha pula pra janela
se não tem cadeira pra subir
ela late
olhinhos pidonhos, orelhas em pé
o movimento da rua anuncia o dia
manhã de sol
as patinhas pedem passeio

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Há sempre um caracol
entre as minhas
palavras
Pegajoso, se arrasta
deixando seu rastro
de prata

Silêncio
é gosma cansada
que sobra dos dias
Poeira
que se debruça
sobre si
Sumo
cimentado no vazio

quarta-feira, 12 de maio de 2010

No branco do papel
pinto um barquinho
e o mar
E o mar é sempre tanto!
Que não me surpreendo quando vejo,
dos limites da folha, pingar as gotas
Mas de repente... Cadê o barquinho?
Ah... Partiu - que é o seu destino
E eu então me reparto
entre a dor e a alegria
do parto

terça-feira, 13 de abril de 2010

...

eu quero beber
o canto
dos passarinhos

pra ver se vou
aos quatro
ventos

vagar no tempo
sem ter
caminho

sábado, 3 de abril de 2010

O sol não apareceu

Sofia ficou só
na tarde fria
de terça-feira

Sofia ficou só
e triste

Sentada no
meio-fio
não viu
o trem que passou
Não viu

Às sete
é tarde
E o sol não apareceu

Só restou a noite
Mergulhou
                  no
                        breu

segunda-feira, 1 de março de 2010