quarta-feira, 29 de julho de 2009

Porque estender a mão não basta

Em frente ao espelho olhava para a outra. Tentando reconhecer-se percorreu seu olhar por cada pedacinho do corpo dela. Queria encontrar-se, mais do que isso,  queria tocá-la. Mas na tentativa sua mão encontrou apenas a superfície fria do espelho. Se estender a mão não era o melhor jeito de tocá-la então qual seria?

Uma camada invisível aos olhos, porém, perceptível ao tato às separava. Se conseguisse quebrá-la não haveria empecilho - pensou. E foi com a ferocidade do desejo que seu punho fechou-se contra a parede espelhada, despedaçando a outra e ferindo a si mesma. Não. Não é com violência que se chega ao outro. Gotas de sangue no chão. A impetuosidade é uma bomba dentro de nós. Gotas de sangue no chão. Tocou levemente a ferida em sua mão. Gotas de sangue...E pode ver logo ali a sua frente:  uma expressão de dor. Era a outra, um caco de outra a fitar-lhe. Tocou com mais força na ferida. A expressão de dor intensificou-se. Sim, havia finalmente conseguido.